FANTASIA, DE WALT DISNEY 1a parte.

Música é algo que traz alegria e encantamento.

Pensando nesta palavra – encantamento – eu me lembrei de uma experiência espetacular realizada muitas décadas atrás, que encantou e continua encantando muita gente. Trata-se do longa metragem “Fantasia”, de Walt Disney.

Disney Fantasia
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Fantasia foi concluído pelos estúdios Disney em 1940. É o 3º da lista de clássicos de animação da empresa, tendo sido precedido por Branca de Neve e os Sete Anões e Pinóquio. É um sucesso perene, um filme que nunca foi esquecido e conquista mais e mais fãs à medida que o tempo passa.

Em Fantasia a união de cinema e música de concerto, concebida de modo criativo e extremamente profissional, foi benéfica para estes dois mundos.

Por isso eu acredito que, se quiserem, profissinais de TV ou rádio criativos e competentes, poderão sempre inventar maneiras modernas e inovadoras de mesclar música de concerto com a linguagem ágil dos grandes meios de comunicação de massas…. E com isso, levar a boa música a muito, muito mais gente.

As seguintes palavras são assinadas pelo próprio maestro Leopold Stokowsky e podem ser lidas na edição em vinil da trilha Sonora do filme:

“Fantasia levou a música de mestres como Bach, Beethoven, Stravinsky para milhões de pessoas em todo o mundo, que, de outra maneira, poderiam não ter oportunidade ou inclinação para ouvi-la e apreciá-la. Mais ainda, a música é igualada pelo gênio altamente imaginativo de Disney e os artistas a ele associados”.

Assim, caros leitores, não sou eu o único a acreditar que a boa música pode ser levada a um número de pessoas cada vez maior. O maestro Stokowsky está comigo.

Disney Fantasia Stokowsky
Leopold Stokowsky aos 88 anos, em 1970. Wikimedia Commons.

Vamos saber algumas coisas sobre o filme, e sobre as maravilhosas peças músicas nele presentes.

Atenção: no final do post, você encontrará um link que lhe possibilitará ouvir essas maravilhas.

Comecemos com a Tocata e Fuga em ré menor, de Johann Sebastian Bach.

Disney Fantasia Johann Sebastian Bach

Esta é a primeira música apresentada no filme. Bach criou a peça originalmente para órgão, e Stokowsky fez dela uma brilhante orquestração, que regeu frente a Orquestra da Filadélfia. A versao foi regravada pela Orquestra dos Estúdios Disney, dirigida pelo maestro Irwn Kostal, em 1982.

Diferente das outras obras musicais utilizadas no filme, a Tocata e Fuga não descreve nada; é uma peça totalmente abstrata. Assim, Disney e sua equipe ficaram livres para criar as imagens que quiseram. No início da música surgem imagens da própria orquestra, como violinos e trompetes, que vão se dissolvendo e se tornando cada vez mais abstratas à medida que a música caminha para o final.

Depois da Tocata e Fuga em ré menor, o filme Fantasia segue com trechos da Suíte do Ballet Quebra Nozes, de Tchaikovski.

Disney Fantasia Tchaikovski Quebra Nozes
Piotr I. Tchaikovski. Wilimedia Commons.

São ouvidos os seguintes números: Dança da Fada Açucarada, Dança Chinesa, Dança dos Mirlitons, Dança Árabe, Dança Russa e Valsa das Flores. Os produtores do filme decidiram omitir a abertura e a marcha, e alteraram a ordem dos movimentos.

Aqui Disney e sua equipe não tinham uma música abstrata, mas sim um ballet com uma história muito concreta.

Imaginaram então um ballet da natureza, dançado por cogumelos, flores. folhas e orquídeas.

Fantasia recebeu dois Oscars honorários por ser um trabalho tão inovador. E também um prêmio especial do New Yok Film Critics Awards.

As inovações não aconteceram apenas no âmbito artístico, mas também no tecnológico. A sua gravação foi pioneira numa forma ainda rudimentar de estereofonia, que tinha o nome de Fantasound.

Imaginem vocês que naquela época ainda não havia surgido o disco de vinil – e creio que alguns ouvintes ainda se lembrem dos discos que então existiam, aqueles de cera, pesados, e que se quebravam facilmente.

Mas voltemos a falar da música, com poema sinfônico “O Aprendiz de Feiticeiro, de Paul Dukas” .

Disney Fantasia Aprendiz de Feiticeiro
Paul Dukas.

Trata-se de de uma peça orquestral escrita em 1897, baseada numa obra homónima do escritor Johann von Goethe. Esta é mais uma obra que, apesar de sua grande qualidade, talvez estivesse esquecida, se não fosse o filme Fantasia.

No filme surge o rato Mickey, no papel de um aprendiz de feiticeiro trapalhão, incapaz de controlar os efeitos de seu feitiço.

Em 1938, os estúdios Disney procuravam um papel especial para o rato Mickey. A obra de Paul Dukas parecia ser algo especialmente talhado para isso, uma musica encantadora. Mas era, em termos de animação, um desafio muito grande. Teria de ser dirigida, tocada e gravada de modo impecável.

Dentro da equipe de Disney, pensava-se em quem poderia dirigir essa obra, e que orquestra poderia tocá-la. Por obra do destino, aconteceu de Leopoldo Stokowsky, um dos mais importantes maestros radicados nos Estados Unidos à época, visitar os estúdios Disney. Quando o projeto lhe foi explicado, ele concordou imediatamente em unir-se à equipe.

Assim, foi com o Aprendiz de Feiticeiro que nasceu Fantasia.

Agora vamos à Sagração da Primavera, composta em 1912 por Igor Stravinsky.

Disney Fantasia Sagração da Primavera Stravinsky
Igor Stravinsky. Library of Congress Public Domain Image.

Estreada em Paris em 1913, foi uma música totalmente inovadora para a época- mais que inovadora, causou escândalo. Muitos a consideraram selvagem, brutal, e não foram poucas as vaias que recebeu. Ainda em 1938, ano em que Fantasia começou a ser concebido, havia muita resistência a ela por parte do público. Por isso, a decisão de incluir a Sagração pode ser considerada também uma tremenda ousadia.

Stravinsky declarou que o pretexto para a criação da obra era um panorama da pré-história russa, um pré-histórico nascer da primavera. Assim, para Disney e sua equipe, tratava-se de um drama da vida de nosso planeta, que envolvia forças gigantescas. A animação inicia-se com uma explosão solar, que emite uma massa de gás que irá se tornar o planeta terra. As imagens de Disney, mostrando o nascimento do planeta e o surgimento da vida na Terra, são magistrais.

Depois dessa obra que mostra as forças mais viscerais da natureza, segue-se outra em que a natureza é vista de um modo totalmente oposto: a Sinfonia Pastoral, de Beethoven.

Disney Fantasia Beethoven
L. van Beethoven. Pixabay. Foto de Valdas Miskinis.

Para essa obra, Disney concebeu como cenário o Monte Olimpo, a morada dos Deuses Gregos. Como contraponto às forças telúricas, temos aqui uma referência ao impulso civilizatório, uma força humana.

Surgem criaturas mitológicas, como centauros, cupidos, cavalos alados.

Baco, o Deus do vinho, Zeus, o Deus dos Deuses, Apolo, Diana. O que vemos na tela é um dia no Olimpo, que termina com o anoitecer.

O filme continua com outras peças encantadoras e divertidas, como a Dança das Horas de Amilcare Ponchielli e Ave Maria de Schubert … mas dessas nós iremos falar no próximo post, que será a continuação deste.

Espero que tenham apreciado …. e se encantado!

Ah! Ouça a música aqui:

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