A sonata barroca

No século XVII, ainda não havia as salas de concerto como conhecemos hoje. Ouvia-se música na Igreja, ou então, em casa. E quem podia – ou seja, o aristocrata rico que morava em um palácio -tinha sua própria orquestra.

Cara leitora, caro leitor, a música doméstica era realmente um luxo, algo para poucos. Mas era efetivamente cultivada, de modo que a prática de manter um grupo de músicos em casa, contratados como parte da criadagem, disseminou-se rapidamente entre as famílias prósperas de diversos países.

Por exemplo, em 1601, o Duque da cidade de Mantua contratou, com o título de “maestro de la camera e de la chiesa”, um dos maiores músicos de todos os tempos: Claudio Monteverdi.

Vejam só: maestro da igreja, e do palácio. Foi nesses dois ambientes que se produziu a música mais sofisticada daquele tempo.

Existia, portanto a música feita para ser tocada nas igrejas, e a música para ser tocada nas casas, nos palácios.

Estamos falando do século XVII, e não custa relembrar que, até o comecinho deste século a música mais sofisticada era vocal; a música instrumental estava apenas começando a se desenvolver.

Naquele tempo as palavras toccata e sonata eram usadas genericamente para se referir a obras puramente instrumentais. Evidentemente, à medida que a música instrumental evoluia, foram surgindo gêneros mais específicos. Dois se destacaram: a sonata da chiesa e a sonata da camera.

Se a música puramente vocal da época se dividia em dois gêneros, a feita para a igreja e a feita para o ambiente doméstico, nada mais natural que o mesmo acontecesse com a música instrumental.

Muitos compositores escreveram sonatas dos dois tipos, de modo que 100 anos depois, no início do século XVIII, chegou-se ao ápice do gênero, com as sonatas de Arcangelo Corelli.

Música barroca Música do Período Barroco Corelli

Nós hoje consideramos o violino com um dos instrumentos musicais mais nobres, mas sofisticados. O líder de toda a orquestra, o spalla, é sempre um violinista; alguns violinos chegam ser tratados como verdadeiras obras de arte, com seus preços chegando a mais de um milhão de dólares.

É difícil portanto, imaginar um tempo em que o violino era um instrumento rústico, usado somente na música folclórica européia. Mas de fato era assim, e no seu admirável processo de amadurecimento, é fundamental a figura de Corelli. Ele foi o primeiro compositor cuja notoriedade foi construída a partir de música instrumental, em especial para o violino. Foi o grande primeiro mestre da sonata barroca, de câmara e de igreja.

A essa altura é preciso responder à pergunta que certamente está agora na cabeça de vários leitores: qual é, ao final das contas, a diferença entre a sonata de câmara e de igreja?

Bem, a idéia geral é simples: a sonata de igreja é mais séria, mais austera que a sonata de câmara.

Muito bem, mas como o compositor estabelece esta diferença?

Em primeiro lugar, usando ritmos de dança na sonata de câmara …. e não os usando na de igreja.

Tomemos então como exemplo a sonata opus 5 no. 9 de Corelli. Ela começa com um movimeto lento de caráter leve, delicado. Em seguida temos duas danças, uma giga, e uma gavotta Entre elas, um breve movimento lento, que dura menos de um minuto. É uma autêntica Sonata da Camera!

Grzegorz Lalek – violino barroco Lilianna Stawarz – cravo

Se a sonata de câmara têm um elemento característico – a presença das danças – é de se deduzir que algo análogo aconteça com a sonata de igreja. E o elemento característico desta é o contraponto, a polifonia

Um dos gêneros musicais mais antigos, que vem dos primeiros tempos da evolução da música instrumental é a dobradinha prelúdio-fuga. Ela está fortemente associada música religiosa tocada ao órgão.

Pois bem, na Sonata opus 5 no. 1 de Corelli há duas dobradinhas prelúdio-fuga. E essas dobradinhas estão separadas por um breve movimento rápido, de apenas um minuto, de caráter brilhante e virtuosístico, em que o violinista demosntra suas habilidades.

Intérpretes: Rémy Baudet, Jaap ter Linden & Pieter-Jan Belder .

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Saudações Sonoras do maestro João Maurcio Galindo.

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6 comentários em “A sonata barroca”

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