A compositora Elfrida Andrée viveu entre 1841 e 1919. Foi a primeira sueca a ter um cargo oficial como organista – o que foi uma grande novidade em seu tempo. Para nós, nos dias de hoje, isso pode parecer uma bobagem. Não é, caro leitor. Havia na Suécia daquele tempo algumas leis que simplesmente impediam as mulheres de abraçar determinadas profissões – como por exemplo, operador de telégrafo.
Família
A vida da compositora Elfrida Andrée foi, portanto, uma eterna luta para abrir caminho numa sociedade extremamente conservadora.
Para isso, seu pai foi determinante! Ativo militante liberal, ele passou a vida lutando por mudanças nas leis e na sociedade suecas que abrissem espaço para as mulheres. Não se tratava apenas de palavrório: ele realmente realizou ações políticas nesse sentido, sempre pensando em suas duas filhas.
Ela e sua irmã, Fredericka, que viria a tornar-se uma cantora de ópera, começaram a estudar música com o próprio pai. Estudaram piano, canto harmonia e órgão.
Abaixo você pode ouvir um movimento da bela sonata para piano em lá maior composta por Elfrida.
Dificuldades
Quando chegou a hora de trabalhar, começaram as dificuldades. A mesma lei que proibia as mulheres de operarem telégrafo também as proibia de trabalhar como regentes ou preparadoras de coro, ou atividade semelhante.
Contudo, algum tempo depois, graças à ferrenha luta política do seu pai, Elfrida pôde trabalhar nessas atividades por bastante tempo. E talvez não seja demais dizer que Elfrida também trabalhou por um tempo justamente como… operadora de telégrafo…
A combinação de talento, sólida formação musical e ativismo político liberal foi o que tornou possível Elfrida fazer da música uma carreira profissional.
Instrumento favorito
E em seu caso, a composição estava intimamente ligada à atividade como organista. Ela foi organista em várias igrejas, destacando-se as catedrais de Estocolmo e de Gotemburzgo.
Como não poderia deixar de ser, escreveu várias peças para seu instrumento, com grande destaque para duas sólidas sinfonias para órgão, uma delas incluindo instrumentos de sopro.
Obra a ser descoberta
Elfrida Andrée chegou a ser reconhecida e até premiada em vida; mas a verdade é que sua obra permanece desconhecida. Apenas uma fração dela foi impressa; muitas foram executadas apenas em concertos privados; a maioria das execuções se deu só dentro da Suécia; finalmente, há muito poucas gravações disponíveis.
É uma obra que está para ser descoberta: além do repertório para órgão, destacam-se uma ópera, duas sinfonias, uma abertura sinfônica, muitas peças para piano, para coro e para música de câmara.
Espero que tenha gostado deste post!
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Ah, e não vá embora sem antes deixar um comentário!
Saudações Musicais!
Nunca havia ouvido falar de Elfrida Andrée. Obrigada por apresenta-la.
Mais uma grande “dica” do Sr. Maestro! Eu não conhecia. Agora fiquei curioso e querendo mais.
Grato pelas suas postagens!!!!
Mais um ensinamento surpreendente. Que mulher!!! Que interessante sua vida e sua obra. Obrigada maestro!!!
Mais uma vez o Maestro Galindo nos brindou com mais pérolas históricas da música em geral e da clássica em particular.
Parabens e grato por mais este regalo.
Obrigada, maestro! Uma linda e pouco conhecida história. Que sorte a reunião de duas moças tão talentosas e um pai ativista, disposto a buscar maior igualdade de direitos e oportunidades nos idos do século XIX! Grata
Muito obrigada maestro! uma maravilhosa história de vida inspiradora!! muito agradecida por compartilha-la