Paganini estudou composição com Ferdinando Paer, que foi um dos mais importantes compositores de ópera italianos da geração que antecedeu a Rossini. Desse estudo resultaram vários quartetos para violino, viola, violoncelo e violão, os primeiros escritos quando Paganini tinha pouco mais de vinte anos de idade.
Ouvindo esses quartetos, em quatro movimentos, percebe-se que Paganini já dominava muito bem as formas e o estilo definidos consolidados no Classicismo.
Nos concertos para violino, a história é outra, aqui o que ouvimos é música romântica. Os concertos para violino de Paganini são muito bem construídos, e se inserem numa tradição dos primeiros concertos para violino românticos, de compositores como Rofolphe Kreutzer e Giovanni Batista Viotti. Esses, contudo, estão esquecidos do público, e são lembrados apenas por violinistas. Os concertos de Paganini, não; são tocados com frequência até hoje.
Eles estão repletos das suas estripulias virtuosísticas, como o Ricochet, em que o arco ricocheteia repetidamente pelas cordas, trechos superagudos e cordas duplas, a célebre “risada de Paganini”, que nada mais é que uma escala deslizante do agudo para o grave, os harmônicos, os pizzicatos de mão esquerda e muito mais….
1º movimento
2º movimento
Contudo, obras de grande envergadura como um concerto romântico não se sustentam apenas nas estripulias virtuosísticas. O que as mantém de pé são belas melodias, trechos vibrantes, ou seja, diversidade, que evita a monotonia.
Sendo assim, o 2º movimento é completamente diferente. Ele começa com uma introdução que não tem nada de clássica.
Há um enorme contraste entre o bucolismo pastor de trompas e flautas, e trechos de grande dramaticidade e potência sonora. Quando o violino solista entra, nos sentimos ouvindo uma aria de uma ópera romântica italiana.
3º movimento
O 3º movimento é primorosamente construído, com Paganini esbanjando criatividade em belíssimas melodias e ritmos envolventes. Ele recebeu o apelido de La Campanella – O Sininho – porque Paganini usa um pequeno sino em sua orquestra, que resulta num efeito ao mesmo tempo bem-humorado e delicado.
Essa melodia tornou-se um enorme sucesso a ponto de outros compositores como Liszt e Strauss escreverem peças baseadas nela.
“Sonata para Gran Viola e Orquestra”
Uma obra em que conferimos a competência de Paganini em construir obras de grande envergadura, bem como o seu estilo já bastante desligado do classicismo, e repleto de romantismo. Uma obra inovadora para seu tempo, escrita em 1826, quando Beethoven ainda estava vivo, e muitos compositores ainda estavam totalmente presos aos padrões do Classicismo.
Ainda faltavam 4 anos para o surgimento de um dos grandes marcos do romantismo: a Sinfonia Fantástica de Berlioz.
Em 1833 Paganini, após ouvir a “Fantástica”, encantado por ela, encomendou a Berlioz um concerto para viola. O resultado foi a sua 2ª Sinfonia, conhecida como Haroldo na Itália.
Paganini decepcionou-se com a obra, por não ser virtuosística. Rejeitou-a e decidiu ele mesmo escrever uma peça para viola e orquestra. O resultado foi a “Sonata para Gran Viola e Orquestra”, na verdade um pequeno concerto, com 3 movimentos interligados.
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