CONCERTOS ESPIRITUAIS 1a. parte

O surgimento dos concertos púbicos é um tema que raramente passa pela mente dos apreciadores de música clássica.

Existe uma impressão de geral de que os concertos públicos sempre existiram …. evidentemente isso não é verdade.

Vamos então a uma viagem no tempo-espaço, para a época e local onde foi criada a primeira série duradoura de concertos por assinatura, como as que temos hoje: Paris, no início do século XVIII

Durante o século XVII, a França viveu um espetacular processo de centralização do poder, com a figura daquele homem que dizia ser, ele mesmo, a encarnação do estado: Luis XIV.

Free Images - SnappyGoat.com- bestof:Terracotta female bust ionian.jpg en  Terracotta female bust ionian workshop found in a tomb Macri Langoni T 75  525-500 BC es Busto femenino de terracota obra de

L’etat, c’est moi – o estado sou eu!

Há quem diga que Luis XIV pronunciou essa frase em 1655, diante de todos os parlamentares franceses. E há quem diga que ele nunca o fez!

De qualquer modo, uma coisa é certa: alguns anos mais tarde, instalado no gigantesco palácio de Versalhes, fez dele o centro de poder de toda a França.

O Rei Sol cercou-se de uma gigantesca corte, que vigiava e controlava, usando de diversas artimanhas, entre elas, o teatro, a dança e a ópera!

Mas nada de concertos sinfônicos: eles ainda não existiam!

Enquanto isso, em Paris, que fica a quase 30 quilômetros de distância, coisas diferentes aconteciam.

Foi lá que um dia surgiu a idéia de usar os músicos da Orquestra da Ópera – que era bem grande para a época, com seus 48 integrantes – em apresentações puramente musicais.

Esta série de concertos parisiense tem até data certa de nascimento: 18 de março de 1725, 10 anos depois da morte de Luis XIV.

Eram os “Concertos Espirituais”.

A primeira pergunta que vem à mente é: por que esse nome?

Porque a série começou com o objetivo de promover trabalho para os músicos durante o período da quaresma, quando os grandes teatros da cidade ficavam fechados.

Nos primeiros concertos da série a idéia era fazer música sacra, justamente por causa da quaresma.

Um dos compositores que tinha suas obras executadas com frequência era Jean-Joseph de Mondonville.

Mondonville, além de um exímio violinista e compositor de obras para esse instrumento, escreveu óperas e Grandes Motetos, um gênero muito querido dos parisienses.

Jean-Joseph Cassanéa de Mondonville: “Gloria Patri” , parte do Grande Moteto Venite Exultemus.
Quire Cleveland and Les Délices. Maestro Scott Metcalfe.
Solistas: Sarah Coffman e Elena Mullins.

Outro grande compositor francês daquele tempo, cujas obras eram ouvidas nos “Concertos Espirituais” foi Marc-Antoine Charpentier.

Charpentier foi um compositor extremanente prolífico, tendo deixado uma enorme quantidade de obras em diversos gêneros: óperas, Pastorales, música incidental para teatro, balés, peças instrumentais, e música sacra.

Além da quantidade, chama a atenção a qualidade. É mesmo música de primeira.

Charpentier trabalhou com o maior dramaturgo françês de seu tempo, Jean-Baptiste Molière. Foi ele quem compôs a “trilha-sonora”, digamos assim, para uma de seus textos mais conhecidos: O Doente Imaginário.

São muitos os trabalhos para teatro feitos por Charpentier.

Marc-Antoine Charpentier – Intermèdes nouveaux du Mariage forcé (1672). Execução do conjunto “Les Arts Florissants, dirigido por William Christie.

Os Concertos Espirituais faziam sucesso e tornou-se uma série duradoura. Mas mudanças eram necessárias, e elas aconteceram em 1762.

Um novo diretor assumiu e teve uma idéia brilhante: introduzir na programação competições musicais!

Isso criou enorme entusiasmo no público.

Esse novo diretor chamava-se Antoine Dauvergne.

Ele também era compositor da corte de Versalhes, tendo composto óperas e balés. Mas era também exímio violinista e escreveu muita música instrumental. Desta produçao destaca-se um gênero que ele chamou de “Concert de Sinphonies” – que eram na verdade suítes, ou seja, sequências de peças instrumentais. Com essas peças chegamos finalmente à música puramente intrumental executada em concertos públicos!

Dauvergen: Concert de simphonies a IV parties, Op. 3 No. in F Major: VI. Allegro I & II · Cappella Coloniensis · William Christie

Na próxima postagem continuaremos a falar dos Concertos Espirituais parisienses, saindo do barroco e entrando no período clássico!

Siga-nos! Dê seu like! Compartilhe! E Obrigado!!!
error
fb-share-icon

Um comentário em “CONCERTOS ESPIRITUAIS 1a. parte”

  1. Pingback: Leonard Bernstein

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *