Edino Krieger

Edino Krieger nasceu em Santa Catarina, na cidade de Brusque, em março de 1928. Começou a estudar música aos 7 anos, tocando violino, e aos 15 anos mudou-se para o Rio de Janeiro. Lá estudou as matérias teóricas no Conservatório Brasileiro de Música, onde foi orientado por Hans Joachin Koellreutter.

Assim Edino começou a trabalhar com a técnica dodecafônica, como aconteceu com outros compositores que estudaram com o mestre alemão. Dedicado, o jovem compositor concorreu a uma bolsa de estudos para o Berkshire Music Center, nos Estados Unidos, e obteve o prêmio. Lá teve a oportunidade de estudar com dois dos mais importantes compositores do século XX: o francês Darius Milhaud, autor de “Saudades do Brasil”, e o norte-americano Aaron Copland, autor da “Fanfarra para um homem comum”.

Início

Trabalhando com esses dois compositores, Edino começou a afastar-se da técnica dodecafônica, e principalmente, aprofundou-se no estudo de orquestração. Foi quando escreveu uma primeira obra para orquestra completa, chamada Fantasia.

O Berkshire Center of Music havia sido organizado pelo grande regente russo radicado nos Estados Unidos, Sergei Koussevitzky. Deste admirável centro de ensino Krieger foi para outro ainda mais renomado: a Julliard School of Music, onde além de composição prosseguiu seus estudos de violino. Durante sua permanência em Nova Iorque, várias obras suas foram apresentadas em concertos da Julliard School.

No ano de 1949, Edino Krieger voltaria ao Brasil. Além da Brasiliana para viola e cordas, uma outra obra muito conhecida é a Sonatina para piano em dois movimentos, Moderato e Allegro.

Edino Krieger – Brasiliana, para viola e cordas (1960)
Edino Krieger – Sonatina (Maria Teresa Madeira, piano)

Carreira

Em 1949, com apenas 21 anos de idade, Edino Krieger já era um compositor premiado, que havia frequentado duas importantes escolas norte-americanas, onde teve aulas com grandes mestres. De volta ao Brasil o jovem procurou emprego – e conseguiu uma vaga de terapeuta musical num Hospital carioca. Não era exatamente sua especialidade.

 Mas logo surgiria uma oportunidade mais adequada aos seus conhecimentos: tornou-se colaborador da Rádio Ministério da Educação e Cultura, a Rádio MEC, onde dedicou-se à divulgação da música de concerto. Organizou e dirigiu programas como “Concertos para a Juventude”, “Concurso de Solistas e Orfeões”, e outros programas especiais dedicados à música brasileira. Na mesma ocasião foi incumbido de organizar e administrar a Orquestra Sinfônica Nacional da mesma Rádio MEC. A emissora, durante muito tempo, manteve além da Sinfônica Nacional, a Orquestra de Câmara da Rádio MEC.

Suíte para Cordas, de Edino Krieger

De volta aos estudos

The Royal Academy of Music

Em 1952, com apenas 24 anos de idade, Edino já acumulava, como vimos, uma formidável experiência profissional. Mas sentia que precisava continuar estudando. Nesta profissão, é muito comum que um jovem músico deixe de lado os estudos quando obtém alguma estabilidade profissional, o que é de se lamentar. Mas com Edino isso não se deu. Entre 1950 e 1952 ele frequentou os cursos internacionais da Pró-Arte, em Teresópolis, e numa das ocasiões teve a oportunidade de conhecer mais um compositor de grande importância internacional: o austríaco Ernst Krenek, que além de ter uma obra de grande extensão, foi importante pedagogo.

Empolgado com os estudos, Edino Krieger partiu mais uma vez para o exterior, desta vez para Londres, com uma bolsa concedida pelo Conselho Britânico, onde teve aulas de composição com Lennox Berkley, da Royal Academy of Music.

Um ano antes havia recebido mais dois prêmios: o Prêmio Internacional da Paz do Festival de Varsóvia e o Prêmio da Fundação Rottelini de Roma

De volta de Londres, Edino reassumiu seu posto na Rádio MEC, tornando-se regente assistente da orquestra sinfônica da Emissora.

Sucesso

A partir de então Edino viria a desenvolver uma carreira impressionante. Embora não tenha composto uma quantidade volumosa de obras, tudo o que escreveu é de extraordinária qualidade. Além de compor, Edino continuou muito ativo em outras áreas. Recebeu inúmeros prêmios; fez música para filmes; viajou muitas vezes para o exterior, não mais para estudar, mas para participar de festivais e seminários.

Krieger também foi o criador de uma das mais importantes atividades musicais do Rio de Janeiro e do país: a Bienal Brasileira de Música Contemporânea, cuja 1ª versão aconteceu em 1975. Nesta ocasião, a Bienal aconteceu entre os dias 8 e 12 de outubro, e apresentou 35 compositores de diferentes correntes estéticas.

Na 2ª versão, a Bienal incorporou um Concurso Nacional de Composição; As Bienais seguintes cresceram, apresentando cada vez mais obras e compositores, contando com a participação das mais importantes orquestras cariocas, abrindo espaço para debates e lançamentos editoriais.

“Canticum Naturale”

Edino Krieger estudou muito cedo a técnica dodecafônica com Koellreutter, mas não se tornou radicalmente ligado a ela. Logo ele a abrandou, e a abandonou totalmente em várias obras. A música e atonal assusta muita gente, mas há uma peça em especial de Edino Krieger que pode servir de porta de entrada para esse universo. Nela o compositor não usa o atonalismo de forma abstrata, mas sim para nos remeter aos sons da floresta amazônica.

Trata-se de “Canticum Naturale” – um canto da natureza, os sons da natureza. A obra é de 1972, e foi encomendada pela Orquestra Filarmônica de São Paulo, por ocasião do Sesquicentenário da Independência. É toda baseada em cantos de pássaros e ruídos ambientais que nos colocam em plena floresta. É uma construção sonora impressionante, que demonstra, entre outras coisas, um impressionante domínio dos instrumentos orquestrais. A obra tem duas partes: Diálogo dos Pássaros e Monólogo das Águas.

Mesmo quem não gosta de música atonal poderá apreciar esta obra, se fechar os olhos e imaginar que está em plena floresta tropical…

Edino Krieger – Canticum Naturale por OSMC | FMCB 2

Versatilidade

Enquanto muitos compositores se filiaram ferrenhamente a uma ou outra linha estética, muitos provocando até mesmo situações antagônicas e hostis, Krieger tem sabido usar com maestria toda a técnica que adquiriu. Por isso não é difícil para ele sair do neo-classicismo, passar pelo nacionalismo, pelo atonalismo e até mesmo flertar com a música popular.

Um exemplo desse flerte pode ser ouvido no vídeo abaixo, seu choro para flauta e cordas, de 1952. Nele percebemos claramente momentos de pureza popular entremeados a outros de grande sofisticação rítmica e harmônica, não faltando inclusive os elementos atonais que assustam tanta gente.

Edino Krieger – Choro, para flauta e cordas (1952)

Espero que tenha gostado deste post!

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4 comentários em “Edino Krieger”

  1. Edinho Krieger compôs a Sinfonia 2000, em homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil. Faleceu em 6/12/2022 com 94 anos. Correto?

  2. um com´positor brasileiro ! confesso que nao conhecia seu nome .. mas isto nao quer dizer nada.! gostei e ouvir suas composições com violino e tambem a flauta

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